Texto por Luis Augusto Comassetto
Seja como professores ou pais, nós que frequentamos a escola somos os pilares nos quais as crianças se apóiam para seu crescimento para dentro do mundo. O olhar das crianças que se dirige a cada um dos adultos que entra na escola é um olhar de busca. No primeiro setênio, por adultos dignos de serem imitados em suas ações, mas até internamente, no modo de pensar e sentir. Mais tarde, por autoridades amadas. Pessoas que significam algo pelo que são, pelos valores que cultivam. Nesse sentido somos todos educadores, principalmente dentro dos portões da escola, e não somente dos nossos filhos, mas de todas as crianças que aqui estão. A grande responsabilidade que é consequência direta desse pensamento deveria nos acompanhar a cada dia, a cada encontro humano dentro da Turmalina.
Encontros são possibilidades de crescimento e estar diante de situações que pedem nosso posicionamento pode ser bastante exigente. Todo encontro requer de nós segurança, mas também tato para que decisões sejam tomadas levando em conta as condições que o momento nos apresenta. Não raro se dá o embate de opiniões, com frequência antagônicas, e precisamos também exercitar a visão mais clara, que vai além do subjetivismo e que pede flexibilidade para perceber e depois compreender o lugar e o pensamento do outro. Com frequência no social nos deparamos com situações nas quais o autoconhecimento e a disciplina são essenciais.
Nos meses de agosto e setembro, o fenômeno do ferro cósmico que chove na Terra em forma de meteoritos evoca em nós a qualidade da coragem, que tem seu reflexo em nosso sangue, âncora de nossa individualidade. Forjar esse ferro que corre em nossas veias é o exercício da vontade necessário para que encontremos no social a possibilidade de nos posicionarmos, mas de também reconhecer no outro, um Eu. Somente então quando a espada da palavra for usada ela já poderá ter o poder criativo e curativo no encontro com o outro como resultado de um trabalho interior.
Micael aparece em imagens medievais com frequencia vestindo uma armadura, segurando uma lança ou espada apontada para a figura de um dragão escuro que se enrola sob seus pés, mostrando que as forças que ainda não são humanas em nós precisam ser dominadas e não eliminadas. Seu olhar porém se dirige para frente, para a meta elevada.
Trabalhar a vontade também deve ser um exercício diário para as crianças, ainda conduzidas pelos educadores e nesse sentido a vivência dos limites é importante para os menores. Depois o trabalho objetivo e direcionado para metas elevadas são conteúdo essencial e ajudam a lapidar a vontade bruta que todos temos à disposição dentro de nós.